quinta-feira, 30 de abril de 2009

O Espelho

Em todas as épocas,
Daquelas que existiram,
Seria difícil imaginar
A vileza em que vivemos.

Se alguém que existiu,
Noutros tempos, noutras eras,
Vive ainda;

O seu espírito
em tudo o que existe;

Transmutar-se-ia


A sua boca e ouvidos,
Nariz e garganta,
Seriam apenas olhos,
Uns olhos estúpidos e desérticos;

Veria, com olhos estúpidos,
Indiferentes ao seu reflexo,

Tal como o espelho o é,
Seja feio ou belo
o seu objecto.

Esse espelho,
Estúpido,
Passaria diante de nós,
(Porque não dotá-lo também de pernas?)

O Belo e aparente,
Deleitar-se-ia,
Como é belo.

O feio veria apenas
o que é;
feio.

Então esse espelho,
O de olhos vazios,
Ver-se-ia em outro espelho;

O que seria?
Porque não imaginar?


Os seus olhos vazios
transformariam

Vida,
Natureza morta,
Frutos podres;

Em vida;

As pequenas infelicidades de cada um
Em troféus,
Recompensas;

O medo de viver
Ver-se-ia
Então,
Ao espelho.

Nenhum comentário: