domingo, 26 de abril de 2009

Apócalipse

«E, ao anjo da Igreja que está em Laodiceia, escreve: Isto diz o Ámen, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Eu sei as tuas obras, que não és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre; e cego, e nu.»

Apocalipse do Apóstolo S. João, 3:14-17 – O Ámen é Cristo

Nem quente, nem frio, mas morno,
Sigo pela vida indiferente,
Maldizem-me a alma doente,
Cativa ao eterno retorno;

Não como, não durmo, não falo,
Não faço da ideia ilusão,
Não remo rumo à perdição,
Não sei se grito ou se calo;

Na vida sigo a caldos frios,
Por entre donzelas e imagens,
Absorto em diferentes paragens,
Já nem sei de choro ou se rio;

Só assim todos caminhamos,
Trouxemos a tudo indiferença,
Pés limpos do chão e doença,
Riqueza e pobreza abraçamos;

Mas não! Não são gritos de glória,
Não! Não são gritos de prazer,
De dor se cobre o nosso ser
Presos à carne e à nossa história;

Vomita-nos do teu enredo,
Vomita, Santo, esta escória
Um dia restará a memória,
Daqueles que o Amor faz segredo.

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