quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sobre o desaparecimento

I - Erosão

Fujo, desato, como o que sinto, Como, bebo, durmo, ejaculo, Faço fita, olhares, esgares de vista, Por onde passo nada fica, tudo muda; O tempo cava em mim o precipício, De onde correm águas passageiras, Ao susto da subida o cilício, Do velho paternalista, Velho tolo, Já devo ter as vistas bem treinadas, E as orelhas do barulho massacradas.

II - Elegia

Cavaleiros Sem-Terra Jograis Barregões e Barregãs Filhos bastardos Jacques deste mundo Moçárabes Judeus Sans Cullotes Camponeses presos à terra E OUTROS FILHOS DA SEGUNDA SENHORA UNI-VOS! Vós sois o rio esquecido da história, Aquele que não desagua em lado nenhum, Espécie de mares ptolomaicos, UNI-VOS! A morte saúda-vos!

III - Não chores

Não o chores o momento linda não, São só sombras, esses que aí rodam, Não penses em guardá-los para sempre Guarda-os para ti longe, bem longe do coração; Não penses mais nem sofras por fantasmas, Eles passam e desvanecem-se, E outros virão e qual nuvem passageira, Pois se não sabes amar não aprendas, E sossega linda, sobretudo, sossega, A carcaça que tens tua é garantida, Ainda que pútrida, acompanhar-te-á para sempre.

IV - Bocas secas

Só beijo bocas secas sem saliva, Sonhos molhados me deram de saliva a imaginação entretiveram Mas beijo-as e nada, já não têm nada, bocas sem saliva.

VI - Poema plagiado

Poema plagiado, este sim...original, beleza e sentimento renovado na leitura. Poema, plagiado ou não, quem nunca não jamais te esqueceria Se me trouxesses um só silêncio, Contigo in testa, subiremos a montanha onde não haja ninguém, nem ideias nem sublimações, nem literatura nem prazer nem orgulho.