A morte que espera na estrada
não é de coisas e gente
não veste de negro
não usa capuz.
Disfarça-se de vida
e é quente o seu corpo
Coroa-nos, reis da nossa visão,
heróis da decadência
acorrentados a um chão gelado,
Dá e tira, beija e cospe
para dizer: “vês? Isto é vida,
agora não percas a esperança”,
Por esta estrada vejo romeiros,
perdidos e vãos como eu,
De resto, nada difere,
por mais que ria ou que sofra,
ou deleite a minha paz
Mesmo que um susto
me salte ao caminho
Qual maldito resistente
Direi: “isto é vida…”
terça-feira, 30 de junho de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Olha Marília
Olha Marília,
As giestas decansando
como se fora
resultado de grande labor,
Olha e vê como varia
o mundo que temos,
Esse, tão só,
o dos nosso olhos adentro,
Sente como tudo acontece,
e que nada podemos
que não passear a nossa indiferença...
Enquanto tudo arde---
Vê como nas coisas comezinhas
se esconde o sentido de tudo,
Então compreenderás
o instável sossego que a mesquinha
paz do lar me trazia à alma,
Toca no meu corpo cansado,
Estou velho, não vês?
Mas vem, aproxima-te...
Sente como neste corpo cansado
os meus olhos ainda ardem,
Encosta a cabeça no meu peito,
Respeitemos o silêncio,
Se escutares com atenção
ainda me ouves chorar.
Agora compreendo a paz que sentias
quando ias às festas e romarias.
Como toda aquela calma algazarra
te colocava um véu nos olhos coloridos.
Mas um dia envelhecemos, e de sopro
compreendemos como tudo é tão patético,
desde o primeiro suspiro ao primeiro homem livre.
Caluniar-nos-á o tempo com a sua indiferença
e ferir-nos-á com as suas omissões criminosas.
Entretanto, não penses nem olhes para trás.
Lembra-te do tempo assassino...
As giestas decansando
como se fora
resultado de grande labor,
Olha e vê como varia
o mundo que temos,
Esse, tão só,
o dos nosso olhos adentro,
Sente como tudo acontece,
e que nada podemos
que não passear a nossa indiferença...
Enquanto tudo arde---
Vê como nas coisas comezinhas
se esconde o sentido de tudo,
Então compreenderás
o instável sossego que a mesquinha
paz do lar me trazia à alma,
Toca no meu corpo cansado,
Estou velho, não vês?
Mas vem, aproxima-te...
Sente como neste corpo cansado
os meus olhos ainda ardem,
Encosta a cabeça no meu peito,
Respeitemos o silêncio,
Se escutares com atenção
ainda me ouves chorar.
Agora compreendo a paz que sentias
quando ias às festas e romarias.
Como toda aquela calma algazarra
te colocava um véu nos olhos coloridos.
Mas um dia envelhecemos, e de sopro
compreendemos como tudo é tão patético,
desde o primeiro suspiro ao primeiro homem livre.
Caluniar-nos-á o tempo com a sua indiferença
e ferir-nos-á com as suas omissões criminosas.
Entretanto, não penses nem olhes para trás.
Lembra-te do tempo assassino...
quarta-feira, 3 de junho de 2009
A uma cidade
Abril, ao som da chuva incerta,
O vento em suave cadência
Roubou dos corpos a inocência,
Dissolveu a cidade deserta;
Caiu na desgraça mais certa,
Aquela que envolve os amantes,
Transformou vivos em errantes
Por entre essa vida encoberta;
Já nem isso és nem memória,
Do tempo em que viva folgavas
Jazes, coberta em glória,
Dos ilustres que tanto afagavas,
Agora, sufoca-os na história
Da chuva de Abril que esperavas.
O vento em suave cadência
Roubou dos corpos a inocência,
Dissolveu a cidade deserta;
Caiu na desgraça mais certa,
Aquela que envolve os amantes,
Transformou vivos em errantes
Por entre essa vida encoberta;
Já nem isso és nem memória,
Do tempo em que viva folgavas
Jazes, coberta em glória,
Dos ilustres que tanto afagavas,
Agora, sufoca-os na história
Da chuva de Abril que esperavas.
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