segunda-feira, 18 de maio de 2009

Antropofagia

Mate-se o Rei,
Saqueie-se o Templo,
Queimem-se as casas.

Já nada faz sentido,
Nada, sem a Grande Desgraça,
Esperemos por ela
como a noite espera o dia,
Agora, que já ninguém nos pode salvar;

Nada é possível,
Apressemos o fim,

Mas faremos amor,
Trabalhemos,
Construamos as nossas casas
(até com telhados de colmo),
Falemos das nossas políticas,
Gastemos o nosso dinheiro.

Tudo é permitido aos que morreram.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Minas de Ouro

Enquanto o som da fuligem ruge
Furiosa,
Passo calmamente ao seguinte
Momento,
Se sei o que é o sublime
Guardo-o,
Guardo-o só para mim,
Esmagado por séculos e séculos
De avanço científico,
Sei que vivemos de ideias,
Pelas ideias submetemo-nos
às maiores violências,

Será apenas arrogância?

Pensar que obedecemos ao
Sistema,
Nem justo nem injusto,
apenas aquilo que é,

Mas ideia, emoção ou nada,
Como te desprezaria,
Como te desprezaria
Com todo o meu coração
Se apenas por uma vez pusesses
em perigo esta leve sensação
de prazer que agora sinto…

Existe ainda o Amor,
O Amor e a Beleza,
As desilusões,
A sociedade,
A embriaguez,

Mesmo a vós, Amor, Beleza,
Esmagar-vos-ei,
Se alguma vez sentir o estômago vazio,
Dessas sensações que fazem ranger os dentes,

Repito!

Repito que esmurro o primeiro
Idiota que me falar em mudança,
se estiver com fome, é claro !

Assim,

Talvez seja o melhor,
Fixar-mos apenas o olhar no chão
Quando te penetrar de novo,
Tudo se vai compor,
O sol na sua órbita,
Os poetas e as sua metáforas,
E uma breve nostalgia de ser pedra.