domingo, 9 de novembro de 2008

Todos os rostos, todos os nomes,
A multidão imersa ruma
à imensidão.

Aspiração? Desejo? Loucura?
Vão sentido do ser?

Vê-se na terra a ânsia,
Da sensação perdida.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

XI - A rainha dos corvos

Como te vi naquela noite
A lentos e firmes passos,
Coroada, rainha dos corvos,
Caíndo na rua aos pedaços.

Dança bela, a rainha,
No seu trono majestal,
Balança o seu corpo disforme
Na cintura cravada um punhal.

E passa, lenta, a breves passos,
Por entre a noite que avança,
Comem-lhe corvos pedaços.

X

Vou vaguear
Até que a minha carne desapareça
E o vento leve os meus despojos
E os funda na matéria.

IX - Alucinação

Não sou eu,
Mas o meu corpo que vagueia por
espaços estranhos.

Faces desfiguradas
passam pelas estradas.

Séculos de história sobre os meus pés,
Que se abrisse o solo e me absorvesse
como o calor intrépido que me consolme a alma.

Vejo mãos e cabelos
Bandeiras e estandartes.

Tudo tão agarrado à vida.

VIII - Deviação

Pudesse eu voar sobre o Vesúvio
Cair e espadaçar-me naqueles rochedos,

E amar toda esta odiosa gente como irmãos,

Fervilhar nas noites de luxúria
e convertê-las em horas calmas.

Ensinar-me-ía que a lógica é como Deus:
Só existe para quem acredita.

Um dia agita-se a minha mente doente,

Para a noite ouvir essa música
suave que me dissipa a alma

Já se perdeu pelas ruas.

VII - Canto às cegonhas

Que faria, olhando para ti
Odiando o meu reflexo?

Heróis por uma noite,
O mundo há-de acabar
quando ouvir essa música.

Do meu cadáver pútrido
Levará apenas uma breve memória,

Como quem passa pela vida sem ser visto,
Lembrança fétida de um deambular inconsequente,
E os teus fluídos invadindo os meus olhos.

Parados na estação
Do rancor das horas passadas.

VI - O Sangue do Inquisidor

Há algo nesta cidade
Que ainda faz vibrar em
Mim o sangue do inquisidor.

Unía-me, sem remorsos,
Com a matéria suja do lancil,

Despedaça-me na tua
ténue memória do teu
passado grandioso,

medíocre

eu

Sonho, ficção
Vingativo e paciente
Comedor e abstinente,

merda,

nada...