terça-feira, 4 de dezembro de 2007

I

Saiu de soslaio pela soleira da porta em direcção ao Parque. O seu local de trabalho desde que a vida lhe provou que não iria ser o imaginado. Precipitou-se dentro de comboio para mais uma longa jornada de comboio. Já não sente as viagens nem o tédio dos jornais gratuitos onde todos fixam o olhar para não se encarar. Os olhos que furtivamente passa por outros olhos e as vontades fixadas num simulacro da paisagem.
Já não se pergunta a si própria quando é que na vida se deixou de perguntar porque é que nesse enorme xadrez passaria a ser um mero peão. Chegada a altura em que se limita a viver com equilíbrios instáveis de conformidade e revolta.

II
Alguém disse um dia que se os homens não construíssem cidades as ratazanas se passeavam pelos campos. Foi a civilização que as obrigou a descer ao esgoto e assim, adaptar-se a um novo estilo de vida forjado numa nova identidade. Passam estes outros animais a forjar a sua própria identidade e a enganar um cérebro repleto de instintos animalescos com distracções para adultos.

III

O comboio parou. Aí embarcou num outro numa curta viagem de 25 minutos que a levaria directamente ao Parque. Rápido avistou o perfil da mascote do Parque desenhar-se no horizonte como cartão de visitas do Parque. Era um pequeno ratinho com ar ingénuo e olhar fisgado coadjuvado por uma plêiade de ajudantes em formas de pato, cão, periquito.

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