Olha Marília,
As giestas decansando
como se fora
resultado de grande labor,
Olha e vê como varia
o mundo que temos,
Esse, tão só,
o dos nosso olhos adentro,
Sente como tudo acontece,
e que nada podemos
que não passear a nossa indiferença...
Enquanto tudo arde---
Vê como nas coisas comezinhas
se esconde o sentido de tudo,
Então compreenderás
o instável sossego que a mesquinha
paz do lar me trazia à alma,
Toca no meu corpo cansado,
Estou velho, não vês?
Mas vem, aproxima-te...
Sente como neste corpo cansado
os meus olhos ainda ardem,
Encosta a cabeça no meu peito,
Respeitemos o silêncio,
Se escutares com atenção
ainda me ouves chorar.
Agora compreendo a paz que sentias
quando ias às festas e romarias.
Como toda aquela calma algazarra
te colocava um véu nos olhos coloridos.
Mas um dia envelhecemos, e de sopro
compreendemos como tudo é tão patético,
desde o primeiro suspiro ao primeiro homem livre.
Caluniar-nos-á o tempo com a sua indiferença
e ferir-nos-á com as suas omissões criminosas.
Entretanto, não penses nem olhes para trás.
Lembra-te do tempo assassino...
sexta-feira, 19 de junho de 2009
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